sexta-feira, 24 de julho de 2015

DIVERSIDADE RELIGIOSA NO VATICANO II

O Concílio Vaticano II significou um passo inaugural na acolhida da diversidade religiosa. Foi a primeira vez que se falou positivamente sobre as religiões num evento conciliar, embora de forma cautelosa (Dupuis, 2004: 88). O pluralismo religioso vem reconhecido como um fato importante, abrindo assim espaço para um tratamento diverso das religiões no âmbito da igreja católica. O objetivo era criar um campo novo de abertura, estima, compreensão e recíproca cooperação interreligiosa.

Para entender o tratamento concedido às religiões no concílio, há que situar o contexto teológico do período. Na ocasião, a teologia católica estava enredada numa abordagem limitada sobre as religiões. Autores como Jean Daniélou, Henri de Lubac e Yves Congar situavam-se numa perspectiva que veio identificada como teologia do acabamento ou da realização. Nessa ocular, as outras religiões vinham percebidas como “marcos de espera” ou “preparação evangélica” para a única verdadeira religião revelada que se identificava com o cristianismo. Mesmo autores mais abertos, como Karl Rahner, que já captavam traços de “transcendência” nas outras religiões, mantinham-se vinculados, ainda que de forma distinta, na mesma lógica do acabamento.

            Em texto sobre a história das religiões e a história da salvação, de 1953, Jean Daniélou traduz essa perspectiva teológica de forma clara. As outras religiões vêm definidas como “religiões naturais”, atestando “o movimento do homem para Deus”. O cristianismo, ao contrário, vem reconhecido como uma religião “sobrenatural”, que revela “o movimento de Deus para o homem”. Não se nega valor às outras religiões, mas elas encontram o seu remate e aperfeiçoamento no cristianismo, que as “purifica de todo erro” e “corrupção” (Daniélou, 1964: 106 e 108). Com base na reflexão dos padres da igreja, Henri de Lubac também advoga semelhante posição, ao entender que a igreja cristã tem a tarefa de integrar e  assimilar o esforço religioso da humanidade, complementando-o com uma purificação  e uma transfiguração. O que há de verdadeiro e bom no mundo (e nestas tradições), “deve ser assumido e integrado na síntese cristã, onde será transfigurado” (De Lubac, 1969: 113-115). Igualmente Yves Congar reconhece valor nas outras tradições religiosas, e a possibilidade de salvação concedida a seus membros, mas sempre com referência à igreja católica, enquanto instituição “divinamente instituída” e com finalidade salvífica. Para ele, toda a presença de graça no mundo está a ela referendada finalisticamente (Congar, 1963: 398).

leía o artigo na íntegra em: RELIGIÕES NO VATICANO II.

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