Sem dúvida, o grande desafio hoje é deixar-se habitar pelo “decrescimento feliz”. Lendo aqui o monge vietnamita Thich Nhat Hanh, num de seus livros mais preciosos - Paz a cada passo -, identifico-me com a crítica que ele faz ao Mundo Ocidental, e o direcionamento que move as pessoas, apressadamente, a objetivos bem precisos e controlados. Ele nos lembra que no Budismo, ao contrário, o caminho essencial está na “ausência de objetivo”, ou melhor, na “ausência de desejo”. Assinala que os ocidentais organizam todas as suas forças e energias para chegar lá, no objetivo almejado, mas se esquecem – e como – de “apreciar também o caminho”. Indica a importância vital de abrir espaços para práticas espirituais que não são movidas por objetivos específicos: simplesmente estar aí, simplesmente sentar... E acrescenta: “Muitas vezes dizemos a nós mesmos, ´Não fique só aí sentado, faça alguma coisa!` Quando praticamos a plena consciência, porém, descobrimos algo inusitado. Descobrimos que o contrário pode ser ainda mais valioso: ´Não fique aí fazendo alguma coisa. Sente-se!` Precisamos aprender a parar de vez em quando a fim de ver com nitidez (...). ´Parar` não é só uma reação; é um estilo de vida. A sobrevivência da humanidade depende de nossa capacidade de desacelerar.”
FAUSTINO TEIXEIRA
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