terça-feira, 4 de janeiro de 2022

PASTOR JOEL: NA CADÊNCIA DA EVANGELIZAÇÃO

PASTOR JOEL: NA CADÊNCIA DA EVANGELIZAÇÃO
 SÉRIE: ALTARES DE MUTUM

Crédito da foto: Mutum online

No início do nosso trabalho de levantar informações para a nossa pesquisa e postagens intituladas por ora Altares de Mutum, incluindo nesta primeira etapa o centro da cidade e as regiões de Roseiral e Ocidente, deparamos com a despedida do pastor Joel, da Assembleia de Deus em Roseiral.
 
Joel Luiz Vaccari, nascido em Linhares no dia 06 de Março de 1964, veio para Roseiral no dia 13 de Março de 1997. Foi pastor por 24 anos e sete meses. Saiu dia 30 de Outubro de 2021 e está atualmente está pastoreado em Mairiporã-SP.
 
Pastor Joel contribuiu não somente com a Assembleia de Deus em Roseiral, mas com a comunidade. A dedicação que ele teve para levar em frente a Fanfarra Shekinak é apenas um de seus trabalhos na intenção de dignificar o homem, e a sociedade por conseguinte.  
 
A reforma mais recente da Igreja Assembleia de Deus em Roseiral, que tem como sede a Assembleia de Deus de Humaitá, é outro trabalho relevante que pastor Joel deixou como legado do seu pastoreio por estas paragens.
 
Sua evangelização em Roseiral é digno de registro na história. Este é nosso esforço ao compartilhar a entrevista concedida por ele ao nosso blog Mutum Pastoral.


ENTREVISTA
O senhor já participou de outras denominações religiosas?
Sim, Igreja Católica.
 
Além do pastor, que outras funções são atribuídas aos membros da Igreja?
As funções que o Ministério reconhece é cooperador, diácono, presbítero, evangelista e pastor.
 
Como foi a ideia da Fanfarra? O senhor já tinha organizado fanfarra em outra localidade?
Surgiu do diretor da escola de Roseiral, na época Nilton Rocha. A ideia era fazer parceria com a comunidade, mas não prosperou. Aí fiz bazares, cantina e com a ajuda da minha família comprei os instrumentos. Assim surgiu a Fanfarra Shekinah. Foi a primeira e deu certo, não tive muito apoio do ministério mas Deus tem nos abençoado. Gosto de música.
 
Como foi o relacionamento do senhor com a comunidade em geral?
Muito bom, sempre respeitei a ideia de cada um. Mas sempre preguei a Verdade.
 
Além da fanfarra, quais outros trabalhos foram desenvolvidos por sua iniciativa junto à comunidade?
Festas comemorativas como Natal, Ano Novo, Dia das Crianças etc. Sempre envolvido com a comunidade local.
 
Antes do senhor quem era o pastor? 
Antes de mim era Presbítero Oscar e o pastor Danilo Martins era o presidente do ministério e o pastor Daniel Leonardo.
 
Há algum trabalho de evangelização específico com a juventude?
Sim.
 
Há possibilidade do senhor voltar algum dia a ser pastor em Roseiral?
Depende muito do ministério local.
 
Quais desafios o senhor entende que o cristianismo enfrenta em Mutum?
Falta de união das igrejas para falar de Jesus e não somente da placa denominacional. 

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O BLOG GANHOU MAIS ABRANGÊNCIA
 
NOTA DO BLOG: Quando foi criado o blog Mutum Pastoral visava registrar o trabalho pastoral do administrador. Ao ser implantada a Pastoral da Comunicação, o blog passou a divulgar apenas escritos de cunho pessoal. Agora registraremos nele postagens abrangendo, tanto fotos de igrejas como material que servirá de subsídio para as publicações do projeto de registro histórico Altares de Mutum.

O blog Mutum Pastoral agradece a atenção do Pastor Joel e deseja a ele sucesso na sua nova empreitada na evangelização.

domingo, 18 de abril de 2021

REL’ATOS DOS PEJOTEIROS: JÚLIO MARIA VIEIRA

GRUPO ALICERCE 

Seguimos com nossa série de entrevista como pejoteiras e pejoteiros aqui no MUTUM PASTORAL Temos nesta segunda postagem a contribuição de Júlio Maria Vieira.

 
Hoje morando em Petrolina-PE. Como padre,  Júlio esteve na Congregação Sacramentinos de Nossa Senhora e na Diocese de Petrolina-PE.
 
Relembrando sua participação no grupo Alicerce e nas encenações de Semana Santa, em especial as da Paixão de Cristo.
 
Júlio na coordenação do Alicerce

MP: Quando e como você participou da PJ?

JÚLIO: Não me lembro exatamente quando iniciei, mas tenho certeza que no ano de 1990 eu estava participando da PJ, como membro e coordenador do Grupo Alicerce. Guardo em meus arquivos três fotos daquele ano: duas fotos da encenação da Semana Santa, de quando eu participava do referido Grupo, e uma foto do aniversário do mesmo grupo, em uma fala minha, como coordenador. Lembro que encenamos a Semana Santa por pelo menos dois anos, e antes de disso eu já participava do Grupo. Portanto, creio que participei durante uns três anos, sendo 1988, 1989, 1990 e início de 1991, quando saí em fevereiro, para ingressar no seminário dos Missionários Sacramentinos de Nossa senhora, em Manhumirim.
 

MP: Cite alguma atividade pastoral que te marcou?

JÚLIO: Algumas atividades do Grupo Alicerce e da PJ como um todo me marcaram naqueles anos. Primeiramente lembro que éramos motivados a levar conteúdo de reflexão-formação a todas as comunidades da Paróquia. E havia na época um tipo de “coordenação geral” da juventude, na paróquia, chamada AJOCAM, se não me falhe a memória significa Associação dos jovens católicos de Mutum, grupo que tinha representação de todos os grupos da paróquia e organizava a programação anual da PJ paroquial. Mas como atividade pastoral principal do tempo que participei da AJOCAM, lembro como destaque a preocupação com a formação dos membros dos grupos de jovens. Formação através de conteúdo de reflexão sobre a participação na igreja e na sociedade.
Outra atividade pastoral que me marcou foi a preocupação dos membros dos grupos de jovens daquela época, em ajudar às famílias carentes. Lembro de duas ações que periodicamente se realizava em relação a essas famílias: arrecadação e distribuição de alimentos, e também mutirão de pequenas reformas na casa de famílias carentes.
 

MP: Quais as principais dificuldades de um pejoteiro em sua época?

"Encenação da
Paixão de Cristo"
JÚLIO: Em relação ao apoio paroquial não havia nenhuma dificuldade para os participantes da PJ. Um dos grandes desafios era fazer com que a juventude católica como um todo, percebesse a importância da participação ativa na igreja e na sociedade, como cristãos engajados e jovens transformadores da sociedade. Outro desafio daquela época, e ainda hoje, é a administração do tempo, por parte de quem se dispõem a participar das atividades da PJ, sem que a família, por exemplo, seja a mais prejudicada. Administrar o tempo entre estudo, trabalho, família e pastoral é um desafio sempre presente, nos exigindo criatividade e persistência, para que não distanciemos de nenhum desses seguimentos, todos importantíssimos para nossa vida.


 
MP: Como eram os encontros?
JÚLIO: Os encontros dos grupos eram semanais, o encontro da coordenação paroquial era mensal, e havia também alguns encontros ao longo do ano, nos setores (grupos de comunidades) da paróquia, além do Dia nacional da Juventude (DNJ), realizado uma vez por ano.


 
MP: Em que a PJ contribuiu para a sua formação humana?
JÚLIO: A PJ contribuiu para a minha formação humana porque os conteúdos que ela refletia eram basicamente sobre o relacionamento entre as pessoas e  participação na igreja e na sociedade. Isso me levou, inclusive, a interessar por uma temática que até hoje faz parte de meus estudos pessoais, que é a relação fé e vida, fé e política. Penso como essencial no cotidiano das pessoas que seguem Jesus, a reflexão sobre fé, política e cidadania. É o que procuro fazer, em meus estudos, daquela época até hoje.
 

MP: Qual tema você mais gostou de refletir e qual reflexão ainda norteia sua vida?
JÚLIO: O tema que mais gostei de refletir, não só na PJ, mas em minha participação na Igreja daquela época, foi a relação íntima que existe entre Fé e Política. E havia essa preocupação, sobretudo entre os Missionários Sacramentinos, que trabalharam na paróquia, na época em que participei da comunidade católica mutuense.
 
 
 

ESPAÇO ABERTO: 

"Aproveito o espaço para agradecer a você Cláudio e a outras pessoas envolvidas com esse projeto, agradecer por essa iniciativa de fazer esse levantamento de parte da história das atividades da PJ mutuense."


LEIA NOSSA PRIMEIRA POSTAGEM: 

DIVINO PEDRO DE OLIVEIRA 

 

 

sábado, 10 de abril de 2021

REL'ATOS DOS PEJOTEIROS: DIVINO PEDRO DE OLIVEIRA

Iniciamos esta série de entrevista na intenção de registrar em nosso blog MUTUM PASTORAL a caminhada da Pastoral da Juventude em Mutum-MG. Os depoimentos postados a partir de hoje, e esperamos que tenhamos dezenas, quem sabe mais de uma centena, de jovens que dedicaram parte da sua vida na construção do Reino de Deus a partir do jeito jovem de ser Igreja. Muitos ainda participam ativamente das nossas comunidades e testemunham a fé dentro e fora da Igreja.

Queremos com está empreitada contribuir para que alguém ainda registre a história da evangelização na Paróquia São Manoel de Mutum a partir do recorte da ação de jovens idealistas, mas, sobretudo, de jovens cristãos emprenhando-se na missão que recebermos no batismo.  Iniciamos com Divino Pedro de Oliveira que respondeu gentilmente os nossos questionamentos.

 

Grupo Alicerce fim dos anos 80

MP: Quando e como você participou da PJ?

DIVINO PEDRO: No retorno das atividades do grupo Alicerce, por volta de 1986/87. Ocupei o cargo de coordenador do grupo.

 

MP: Cite alguma atividade pastoral que te marcou?

DIVINO PEDRO: Tenho pra mim que foi bom ter sido um dos participantes da formação da AJOCAM (Associação dos Jovens Católicos de Mutum). Penso que, se ela, AJOCAM tivesse o apoio necessário, talvez muitas mudanças pra melhor, poderiam ter ocorrido no município ou até a nível de forania.

 

DIVINO PEDRO: Quais as principais dificuldades de um pejoteiro em sua época?

DP: Trabalhar a cabeça de alguns colegas, a necessidade de transformar em ação, os apelos sociais que eram refletidos nas reuniões dos grupos.

 

MP: Como eram os encontros?

DIVINO PEDRO: A utopia de uma transformação social, com o protagonismo da juventude. Entramos a década (80) com período ditatorial e tivemos ainda já quase no final da década, a promulgação de nossa CONSTITUIÇÃO CIDADÃ. Não poderia ser diferente, as mudanças da época, nos exigia uma postura mais 'pé no chão'       

 

MP: Em que a PJ contribuiu para a sua formação humana?

DIVINO PEDRO: Muito e em todas elas.

 

MP: Qual tema você mais gostou de refletir e qual reflexão ainda norteia sua vida?

DIVINO PEDRO: A grande contradição entre a pessoa se  " autodefinir seguidor de Cristo    e não praticar o cristianismo".


NOTA DO BLOG: Seguiremos dentro do possível recolhendo relatos dos pejoteiros de Mutum para prosseguir com o nosso Rel'Atos Pejoteiros



PRÓXIMO RELATO:

JÚLIO MARIA VIEIRA



segunda-feira, 1 de maio de 2017

POR QUE MAIO É O MÊS DE MARIA?

  Patricia Navas González | Maio 04, 2015
Fr Lawrence Lew OP


Conheça a tradição que vem do hemisfério norte e que nos presenteia com um mês inteiro dedicado à nossa Mãe celestial

No mês de maio, milhões de pessoas participam de romarias e peregrinações a santuários marianos, fazem orações especiais a Maria e lhe oferecem presentes, tanto espirituais quanto materiais.

Dedicar o mês de maio – também chamado de "mês das flores" no hemisfério norte – a Maria é uma devoção arraigada há séculos. Com sua poesia "Ben vennas Mayo", das Cantigas de Santa Maria, Afonso X o Sábio nos revela que esta tradição já existia na Idade Média.

A Igreja sempre incentivou tal devoção, por exemplo concedendo indulgências plenárias especiais e com referências em alguns documentos do Magistério, como a encíclica "Mense Maio", de Paulo Vi, em 1965.

"O mês de maio nos estimula a pensar e a falar de modo particular dEla – constatou João Paulo II em uma audiência geral, ao começar o mês de maio em 1979. De fato, este é o seu mês. Assim, o período do ano litúrgico [Ressurreição] e ao mesmo tempo o mês corrente chamam e convidam os nossos corações a abrirem-se de maneira singular para Maria."

Mas, por que existe este mês, se outros contêm festas litúrgicas mais destacadas dedicadas a Maria? O beato cardeal John Henry Newman oferece várias razões em seu livro póstumo "Meditações e devoções".

"A primeira razão é porque é o tempo em que a terra faz surgir a terna folhagem e os verdes pastos, depois do frio e da neve do inverno, da cruel atmosfera, do vento selvagem e das chuvas da primavera", escreve de um país do hemisfério norte.

"Porque os dias se tornam longos, o sol nasce cedo e se põe tarde – acrescenta. Porque semelhante alegria e júbilo externo da natureza são os melhores acompanhantes da nossa devoção Àquela que é a Rosa Mística e a Casa de Deus."

"Ninguém pode negar que este seja pelo menos o mês da promessa e da esperança – continua. Ainda que o tempo não seja favorável, é o mês que dá início e é prelúdio do verão."

"Maio é o mês, se não da consumação, pelo menos da promessa, e não é este o sentido no qual mais propriamente recordamos a Santíssima Virgem Maria, a quem dedicamos o mês?", pergunta em sua obra, publicada em 1893.

Alguns autores, como Vittorio Messori, veem nesta manifestação da religiosidade popular uma cristianização de uma celebração pagã: a dedicação do mês de maio às deusas da fecundidade – na Grécia, Artemisa; em Roma, Flora. De fato, maio deve seu nome à deusa da primavera Maia.

Além disso, em muitos países, durante o mês de maio, comemora-se o Dia das Mães, e a lembrança se dirige também à nossa Mãe do céu.

Para muitos, maio é o mês mais bonito, como Maria é a mulher mais bela; o mês mais florido que conduz o coração até Ela, uma Palavra feita flor.

FONTE:

http://pt.aleteia.org/2015/05/04/por-que-maio-e-o-mes-de-maria/

domingo, 30 de outubro de 2016

A RELIGIÃO DO MEDO

NOTA DO BLOG: Uma reflexão, no mínimo, corajosa.
Convencer fiéis a abdicar de recursos para sustentar supostos arautos do divino é explorar os efeitos sem alertar para as causas
Muitos cristãos foram educados na religião do medo. Medo do inferno, das chamas eternas, das artimanhas do demônio. E quando o medo se apodera de nós, adverte Freud, transforma-se em fobia. Recurso sempre utilizado por instituições autocráticas que procuram impor seus dogmas a ferro e fogo, de modo a induzir as pessoas a trocar a liberdade pela segurança.
Quando se abre mão da liberdade, demite-se da consciência crítica, omite-se perante os desmandos do poder, acovarda-se agasalhado pelo nicho de uma suposta proteção superior. Foi assim na Igreja da Inquisição, na ditadura estalinista, no regime nazista. É assim a xenofobia ianque, o terrorismo islâmico e os segmentos religiosos que dão mais valor ao diabo que a Deus, e prometem livrar os fiéis de males através da vulgarização de exorcismos, curas milagrosas e outras panaceias para enganar os incautos.
Em nome de uma ação missionária, milhões de indígenas foram exterminados na colonização da América Latina. Em nome da pureza ariana, o nazismo erigiu campos de extermínio. Em nome do socialismo, Stalin ceifou a vida de 20 milhões de camponeses. Em nome da defesa da democracia, o governo dos EUA semeia guerras e, no passado recente, implantou na América Latina sangrentas ditaduras.
Convencer fiéis a abdicarem de recursos científicos, como a medicina, e de boa parte da renda familiar para sustentar supostos arautos do divino é explorar os efeitos sem alertar para as causas. Já que, no Brasil, milagre é o povão ter acesso ao serviço de saúde de qualidade, haja engodo religioso travestido de milagre!
A religião do medo alardeia que só ela é a verdadeira. As demais são heréticas, ímpias, idólatras ou demoníacas. Assim, reforçam o fundamentalismo, desde o bélico, que considera inimigo todo aquele que não reza pelo seu livro sagrado, até o sutil, como o que discrimina os adeptos de outras tradições religiosas e sataniza os homossexuais e os ateus.
A modernidade conquistou o Estado laico e separou o poder político do poder religioso. Porém, há poderes políticos travestidos de poder religioso, como a convicção ianque do “destino manifesto”, como há poderes religiosos que se articulam para ocupar os espaços políticos.
Até o mercado se deixa impregnar de fetiche religioso ao tentar nos convencer de que devemos ter fé em sua “mão invisível” e prestar culto ao dinheiro. Como afirmou o papa Francisco em Assis, a 5 de junho de 2013, “se há crianças que não têm o que comer (…) e uns sem abrigo morrem de frio na rua, não é notícia. Ao contrário, a diminuição de dez pontos na Bolsa de Valores constitui uma tragédia”.
Uma religião que não pratica a tolerância nem respeita a diversidade religiosa, e se nega a amar quem não reza pelo seu Credo, serve para ser lançada ao fogo. Uma religião que não defende os direitos dos pobres e excluídos é, como disse Jesus, mero “sepulcro caiado”. E quando ela enche de belas palavras os ouvidos dos fiéis, enquanto limpa seus bolsos em flagrante estelionato, não passa de um “covil de ladrões”.
O critério para se avaliar uma verdadeira religião não é o que ela diz de si mesma. É aquela cujos fiéis se empenham para que “todos tenham vida, e vida em abundância” (João 10, 10) e abraçam a justiça como fonte de paz.
Deus não quer ser servido e amado em livros sagrados, templos, dogmas e preceitos. E sim naquele que foi “criado à Sua imagem e semelhança”: o ser humano, em especial aqueles que padecem de fome, sede, doença, abandono e opressão (Mateus25, 36-41).

* FREI BETTO é escritor, autor do romance policial Hotel Brasil (Rocco), entre outros livros. Publicado em O Globo, 29.10.2016, disponível em http://oglobo.globo.com/sociedade/a-religiao-do-medo-20378879

terça-feira, 27 de setembro de 2016

PASTORAL DA JUVENTUDE ESTUDANTIL: NOTA PÚBLICA SOBRE A REFORMA EDUCACIONAL

“Nenhum direito a menos, nenhum passo atrás!”
“Ousamos crer numa Educação Libertadora, crítica e de base, que possibilite a socialização do saber, que use o tom da alegria no seu jeito de educar, que aposte na criatividade, na paixão, no humor, na arte, na poesia e em tudo que esteja a serviço da vida” – Credo da PJE
À sociedade,
Aos grupos de base,
Às/aos jovens estudantes,
Às/aos assessoras/es,
Às/aos educadoras/es,
Às/aos amigas/os e irmãs/ãos.

A Pastoral da Juventude Estudantil (PJE) vem a público externar sua preocupação e seu repúdio à Medida Provisória nº 746/2016, anunciada nesta quinta-feira (22) pelo “presidente” Michel Temer, sobre a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral e a nova Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio.
O modelo educacional brasileiro está sucateado, e essa notícia não é de hoje. Há anos que a PJE, a Igreja e os movimentos estudantis vêm denunciando esse modelo ultrapassado de educação, que não se preocupa com a vida da juventude, nem tampouco, com uma formação humana do saber.
Da educação pública à educação privada, temos um sistema que não capacita os/as jovens para a vida, mas os/as torna meros reprodutores/as de ideias; as escolas não cumprem com seu papel de emancipar o pensamento, e apenas tiram do/a estudante seus os sonhos e seu pensamento crítico.
O currículo escolar despreza o saber humano, a educação informal, as realidades e culturas regionais e locais; o currículo é ultrapassado, e não atendem à moderna demanda de jovens pensadores, naturalmente críticos e sintonizados, que aprendem ao mesmo tempo que ensinam, e ensinam ao mesmo tempo que aprendem.
É necessária e urgente uma reforma integral no sistema educacional, uma mudança que possibilite maior interação e participação dos próprios sujeitos envolvidos em seus processos educativos. Não é novidade essa urgência de mudança. Os jovens precisam ser protagonistas, pois eles têm conhecimentos que precisam ser reconhecidos e transformados em saberes juntamente com o que a escola propõe no processo de ensino-aprendizagem.
Contudo, devemos tomar muito cuidado ao propor mudanças, porque, se forem feitas de modo equivocado, grosseiro, ditatorial, inquisitivo, e sem discussões e reflexões com a sociedade, como feita agora, poderão agravar ainda mais o quadro educacional em que vivemos.
Cientes dos retrocessos e da verdadeira “Ponte para o Passado” que o atual governo tem conduzido o país, foi com muita apreensão que nós recebemos a notícia de uma pretendida reforma educacional. São muitas as razões e os motivos de nossas preocupações e consternações, e são sobre elas que conclamamos os/as jovens a se informarem e a debaterem.
Oficialmente anunciado nesta quinta-feira, 22, o governo pretende alterar radicalmente as bases estruturais do Ensino Médio, que já muito sofre com o descaso das autoridades públicas de nosso país.
Não custa lembrar que os/as jovens empobrecidos/a serão aqueles/as que mais irão sofrer com as mudanças impostas pelo governo, já que diretamente dependem das escolas públicas, cada vez mais sucateadas e deixadas de lado.
Dentre as “propostas-impostas”, está o aumento da carga-horária curricular. Já não é de hoje que as escolas são vistas como “depósitos de gente”; temos uma sociedade que não se importa com o que os/as jovens farão dentro da escola, contanto que estejam lá.
É cada vez mais urgente começar a pensar na escola para muito além dos muros, carteiras, gizes e quadros-negros; é preciso se preocupar com a qualidade de vida daqueles que habitam a escola, de estudantes a educadores. É necessário acabar com a falácia de que quanto mais horas obrigatórias se passa dentro da escola, melhor é a qualidade do estudo, e não reforça-la, como pretende o Governo Federal.
Outra preocupação é a absurda e desrespeitosa reformulação da grade mínima obrigatória.
Disciplinas que verdadeiramente ajudam o jovem a emancipar seu pensamento, tornando-o crítico, como História, Geografia, Filosofia e Sociologia, são mais uma vez deixadas de lado; a Filosofia e Sociologia, desde a Ditadura Militar, estavam excluídas do histórico escolar, e, somente em 2008, voltaram a compor a base mínima da educação nacional. Excluí-las novamente é retroceder em um golpe e meio a história de nosso país e a qualidade da educação; é (re)conduzir os/as jovens para um passado tenebroso e sombrio, cujas cicatrizes ainda persistem em nossa nação.
“Nós, jovens da Pastoral da Juventude Estudantil, acreditamos que exista uma pedagogia específica e que seja a mais adequada para nossa formação integral. Mais do que indivíduos independentes, acreditamos que devemos investir em questões como: valores cristãos, cidadania, consciência ecológica, afetividade, equilíbrio emocional; competência para atuar como pessoa na formação de um mundo mais justo” (MRPJE, 536).
O tecnicismo exacerbado da educação, voltada exclusivamente a servir ao mercado de trabalho e às grandes corporações, sempre foi uma guerra a ser vencida pelos verdadeiros amantes da educação, pois somente reforça o “insustentável sistema” tão combatido pelo Papa Francisco.
Não por outra razão, somos chamados a insistir e a lutar em favor do “autêntico fim da escola”, afinal “ela é chamada a se transformar, antes de mais nada, em lugar privilegiado de formação e promoção integral, mediante a assimilação sistemática e crítica da cultura, fato que consegue mediante um encontro vivo e vital com o patrimônio cultural. Isto supõe que esse encontro se realize na escola em forma de elaboração, ou seja, confrontando e inserindo os valores perenes no contexto atual. Na realidade, a cultura, para ser educativa, deve se inserir nos problemas do tempo no qual se desenvolve a vida do jovem. Desta maneira, as diferentes disciplinas precisam se apresentar não só um saber por adquirir, mas valores por assimilar e verdades por descobrir” (DAp, 329).
Priorizar o ensino técnico sob o ensino médio é andar na contramão da humanização do saber; é reforçar ainda mais o estereótipo da reprodução de ideias que paira sobre nossas escolas. Além de desvalorizar a figura do professor-educador, ao retirar a exigência de diplomas e habilitações exigidas do profissional, é subjugar estudantes e igualmente desvaloriza-los.
Em resumo, não há como ver, na “proposta-imposta”, boa vontade ou beleza. Não há como ver futuro, nem tampouco ponte para o futuro. Não nasceu do seio social; não se enriqueceu dos debates na sociedade; não bebeu dos anseios dos/as jovens estudantes; não respeita o verdadeiro processo educacional; não resolve os problemas, só os agrava.
Conclamamos os/as jovens e assessores/as a refletirem, a debaterem, e a, principalmente, lutarem contra a venda da educação como produto de mercado.
Pedimos ao Mestre dos Mestres, Jesus, para que nos fortaleça e encoraja a juventude estudantil na luta pela Educação Libertadora e Humanizadora. Que ele acolha com carinho os anseios da juventude estudantil, e conduza com cuidado os trabalhos do Congresso Nacional, para que rejeite a pauta imposta pelo atual governante.
Viva a luta e a memória dos mártires da educação!
Lorena, 26 de setembro de 2016.
Coordenação Nacional da Pastoral da Juventude Estudantil (CNPJE)
Também assinam essa nota:


=== ATENÇÃO ===
O SENADO FEDERAL lançou uma consulta pública sobre a Medida Provisória nº 746 de 2016, de autoria do “presidente” Michel Temer, sobre a nova Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio.
Seja a favor da educação e vote CONTRA essa medida ->https://www12.senado.leg.br/ecidadania/visualizacaomateria…