sexta-feira, 15 de março de 2013

PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALAREI DOS ESPINHOS


Reproduzo as palavras da Revista Carta Maior sobre o novo Papa como uma alerta que nem tudo é festejo. Ainda arde na América Latina o desejo de uma mudança. Isso puxa a ideia de um texto preparado mentalmente por enquanto, intitulado por enquanto, A FUMAÇA DO VATICANO E A BRASA A AMÉRICA LATINA. 


A FUMAÇA  BRANCA E A FUMAÇA SOMBRIA 
 A escolha do nome 'Francisco' pelo novo Papa, resgatou a esperança de setores cristãos progressistas  numa reconciliação da Igreja com a opção pelos pobres, simbolizada na ordem dos franciscanos, e consagrada nos valores do Vaticano II. A longa noite de repressão doutrinária imposta pelos papados de João Paulo II e Bento XVI, com o aggiornamento dos tribunais da inquisição, teria, desse ponto de vista, atingido um limite de exaustão conservadora na cúpula romana. Crises, escândalos e disputas autofágicas pelo poder entre falanges extremadas desencadearam assim dois movimentos de autopreservação na burocracia de Roma: a renúncia 'sanitária' de Bento XVI e a escolha de um tertius, um papa sulamericano, externo ao embate que corrói o Vaticano. O duplo  sinal inauguraria  uma espécie de 'abertura lenta, segura e gradual' no interior da igreja. A escolha do nome 'Francisco' pelo novo Papa foi entendida desse modo pela esperança progressista, como um aceno de moderação e retorno a um diálogo reprimido nas últimas décadas. Leonardo Boff, um dos expurgados pelo ciclo Ratzinger, assegura, por exemplo, que o nome escolhido por um Papa não é apenas um ornamento, mas encerra um projeto de Igreja. Isso é o que teria dito a fumaça branca emitida na quarta-feira, em Roma. Pode ser. Mas a ela seguiu-se uma fumaça sombria, densa, carregada de fumos de horror e dúvida. Uma delas condensa todas as demais: onde estava, e o que  fez  Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco I, entre 1976 e 1983, quando uma ditadura militar aterrorizante matou e desapareceu com 30 mil pessoas  em seu país? (leia nesta pag. as análises e reportagens de Eduardo Febbro, Dermi Azevedo e Martin Granovsky. 

Agradecimentos a Júlio César de Oliveira pelo envio do newsletter da Revista Carta Maior

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