8º
DOMINGO DO TEMPO COMUM
REFLETINDO:
Isaías 49, 14-15; Salmo 61/ 62; I Coríntios 4, 1-5; Mateus 6, 24-34.
Queridos
irmãos e queridas irmãs, mais uma vez gostaria de compartilhar minhas
considerações a respeito das leituras e do Salmo responsorial desse domingo de
carnaval.
Lembremos
também que aproxima-se a quaresma, e com ela a Campanha da Fraternidade esse
ano que traz a reflexão a respeito de um problema social gravíssimo, o tráfico
humano.
Partindo
da nossa didática de primeiro refletir a respeito do EU, o que a Palavra de
Deus traz para nosso interior, que nós fortalece para viver e vivenciar o Reino
de Deus, depois uma reflexão voltada para as ações da comunidade (Koinonia) e,
enfim, para a sociedade, a coletividade.
LAVRANDO
O CORAÇÃO: Isaías, nesse texto que está contido no 2º Cântico do Servo de Javé,
refere-se ao sentimento do exilado na Babilônia, que se questiona diante da
escravidão do exílio sobre o poder de Deus. Assim somos nós nos nossos exílios
existenciais, quando parece que perdemos tudo e nada mais nos resta. Dias de
aflição e “noites traiçoeiras” acabam, as vezes, nos levando a questionar o
poder restaurador de Deus, que parece nos ter abandonado. O profeta Isaías nos
lembra que Deus não se esquece de nós. Emerge desse texto do profeta um rosto
maternal de Deus em uma cultura machista. Deus é uma mulher que não se esquece
do seu filho.
Somente
Deus é o rochedo e salvação, lembra o salmista, nas horas de aflição.
Tanto
Paulo quanto Jesus, no sermão da montanha, nos questiona se de fato somos
seguidores de Deus. Se Deus é de fato o Senhor em nossas vidas.
Jesus
nos dá o conselho primordial, buscai primeiro do Reino de Deus, e tudo mais
será acrescentado.
Então
irmãos e irmãs, em nossa vida, Deus é o Senhor, ele nos dará o louvor merecido
(1Cor 4,5).
LAVRANDO
A KOINONIA: As nossas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), nossas pastorais e nossos
movimentos e grupos encontraram nessas leituras as indicações para agir
mediante uma sociedade opressora como Babilônia. Vivemos verdadeiras babilônias
ainda hoje quando ainda encontramos diferenças sociais e opressões cometidas
pelo próprio Estado, seja pela união, pela unidade da federação (estado), ou
seja, pelo poder local (municipal). Paulo fala que o mundo deve nos considerar
servidores de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. Primeiro ele diz
que uma das características do administrador dos mistérios de Deus é a
fidelidade ao Projeto. Essa fidelidade ao projeto deve estar explícita no agir
pastoral de uma comunidade de fé.
Toda
comunidade e todo grupo religioso, que tem como missão evangelizar, deve
primeiro buscar o Reino de Deus, e cativar a justiça. Cativar a justiça é
julgar o mundo segundo a ótica de Deus. É por os óculos de Deus para ver o
mundo como Deus vê e não como cada um vê.
Quando
Jesus questiona: “Afinal, a vida não vale mais que o alimento, e o corpo mais
que a roupa?”, ele nos questiona o quanto vale a vida para nós.
A
questão do chamado PONTO DE VISTA em uma comunidade pode dividir essa
comunidade. O ponto de vista dos membros de uma comunidade deve ser sobretudo o
ponto de vista da Bíblia, da Palavra de Deus, por isso, o grupo de reflexão é
primordial, catequisa para que tenhamos sempre o ponto de vista da Bíblia,
ainda que sejamos julgados pelo mundo, mas o que de fato deve nos incomodar é o
Julgamento de Deus, pois ele iluminará o que estiver escondido (1 Cor 4, 5).
Uma
didática pastoral interessante na fala de Jesus é como lidar com as prioridades
da comunidade. Uma coisa de cada vez, “Para cada dia bastam seus próprios
problemas”( Mt, 6, 34) .
LAVRANDO
A COLETIVIDADE: Recentemente estive refletindo sobre esse evangelho para
elaborar o 8º encontro do Natal em Família, quando então já teremos trabalhado
a CF-2014. O desafio era refletir sobre ONG (Organizações Não-Governamentais)
que trabalham com o tema desse ano. Mas mais que refletir sobre ONGs é pensar
no que temos feito em nossos municípios para criar condições e vencer as
situações que vulnerabilizam homens e mulheres, vítimas do tráfico humano.
Primeiro
ocorre um pecado social, implantado pelo capitalismo que leva a cada um se
preocupar consigo mesmo e com o que vai comer, beber e vestir, antes de buscar
as coisas do Reino de Deus, e nessa lógica é que homens e mulheres em suas
necessidades ficam vulneráveis ao processo de tráfico humano. Por outro lado
temos as pessoas que se beneficiam, que consomem, do produto desse tráfico,
seja o fazendeiro que explora ou seja aquele que se utiliza dos serviços
sexuais quando essa é a finalidade, sobretudo do tráfico de mulheres.
Devemos
nos ocupar e cuidar para que todos tenham condições de sobrevivência em suas
cidades, assim ninguém irá se submeter a nenhum “canto de sereia” e morrer
mergulhado nas conseqüências dessa escravidão em pleno século 21. A igreja
precisa incentivar as associações a desenvolver projetos sociais que gerem
renda e ao mesmo tempo cobrar das autoridades locais mais engenhosidade nas
políticas públicas, dando condições de todos acessarem as políticas voltadas
para a superação da miséria.
Deus é
nosso rochedo, e precisa ser o rochedo de todos e de todas que estão angustiados,
exilados social, financeira e psicologicamente. Que Deus, como a mãe que não esquece
os seus filhos, possa nos louvar em sua Glória segundo o nosso merecimento, e
que nós possamos buscar primeiro o seu Reino, pois somos seus servos e
ADMINISTRADORES DOS SEUS MISTÉRIOS.
Bom carnaval
e que façamos nessa quaresma, uma profunda conversão. Converter-se a cada dia é
preciso. Bom Domingo!
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