Transpondo o texto do Pe. Mariano Weizenmann, SCJ, para referência de quem gosta d aprofundar na Bíblia:
Ao apresentar sua Obra em cinco livrinhos (de acordo com o esquema de Mt, apresentado na semana passada), Mateus tem em mente apresentar nova inspiração ao novo Povo de Deus, a partir de Jesus Cristo.
Para a religião judaica, o Pentateuco (Gn, Ex, Lv, Nm e Dt) tem valor prioritário como o Evangelho (Mt, Mc, Lc e Jo) o tem para as igrejas cristãs. O Pentateuco é referência escriturística primeira para o judaísmo ao passo que o Evangelho forma o bloco mais importante para o cristianismo.
Mt oferece ao novo Povo de Deus, um “Novo Pentateuco” e, por isso, organiza seu “Livro” em cinco “Livrinhos”.
Curiosidade: Jesus primeiro faz e depois fala
Na forma de organizar seu Evangelho, Mt divide cada livrinho do seu Pentateuco em duas partes: a parte narrativa, sobre o que Jesus faz; a parte discursiva, sobre o que Jesus ensina. Confira, por gentileza, como o esquema se repete em cada “Livrinho”. Portanto, Jesus começa por fazer, mostrando como se age para, depois, ensinar e orientar os discípulos. Antes e mais importante que a ortodoxia (o crer certo) é a ortopráxis (o agir correto).
Constatamos a mesma precedência do obrar sobre o falar na tradição lucana. Veja At 1,1: “Fiz o meu primeiro relato, ó Teófilo, a respeito de todas as coisas que Jesus começou a fazer e ensinar”. Está claro: Lucas conta que no seu primeiro relato (o 3º Evangelho, Lc) ele narrou sobre o que Jesus fez e ensinou. Dê uma olhadinha em Marcos: “Os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram-lhe tudo o que tinham feito e ensinado” (Mc 6,30). Os apóstolos aprenderam bem. Contam a Jesus: 1º) o que fizeram, 2º) o que ensinaram. Outra vez, embora ambos sejam importantes, o agir é mais determinante que o ensinar.
A tríplice tradição sinótica, pois, atesta que o agir é mais relevante que o ensinar. Aliás, dois grandes Papas que atuaram e atualizaram o Concílio Vaticano II, afirmam: “O homem contemporâneo acredita mais nas testemunhas do que nos mestres” (João Paulo II, RMi 42; parafraseando Paulo VI, em EN 41). Incontestemente: o jogo da vida e da evangelização cristãs decide-se no campo do testemunho.
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